A partir do período em que: foi publicada a Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020, pelo Ministério da Saúde do Brasil, que declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional
(ESPIN); promulgou-se, em nosso país, a Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020, que estabeleceu medidas para o enfrentamento da Emergência em Saúde Pública, visando à proteção da coletividade; a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou
a emergência em saúde pública de importância internacional em 30 de janeiro de 2020 e que reconheceu, em 11 de março de 2020, que a disseminação do “novo” Coronavírus (anteriormente existente, mas considerado patógeno de menor importância
para a população humana), Sars-CoV-2, caracterizava a pandemia Covid-19, tivemos três protagonistas na trama educacional: o vírus, por suposto o surto da síndrome respiratória aguda grave pretendeu roubar a cena; as Tecnologias Digitais e
a (anti)política. Os procedimentos de disseminação aplicados com precisão pelo primeiro ressaltaram a frieza de tirar muitas vidas, numa narrativa que fugiu a qualquer sentimentalismo. Um jogo de roleta russa, sem regras desvendáveis pela
ciência, logo, quem viveria ou morreria após contaminação, o acaso diria. Enquanto a segunda protagonista (tecnologias digitais) ganha os holofotes pelo contrário, pela possibilidade de manter as pessoas em contato, entrelaçadas por seus objetivos,
ideologias, por viabilizar a organização cultural e educacional, por exemplo. Há reconhecimento do seu potencial, mas claro que não sustentaria o imaginário dos poetas neoliberais e a desigualdade se fez sobressaltada, intensificada ou preocupantemente
revelada. No movimento parnasianista se nota uma valorização da ciência para o progresso, na prática do período pandêmico, infelizmente, outros ideais reafirmariam a necessidade de explicar o básico: ouvir os especialistas, valorizar a ciência.
O digital reorganiza, então, as relações sociais e o modo de fazer Educação. Com centralidade da Educação no digital, o que implica considerá-lo como estruturante de novas práticas comunicacionais,
de formação, ensino e aprendizagem, o Seminário de Educação (SemiEdu) 2021, em sua 29ª edição, está intitulado: “A educação no digital: a pandemia covid-19, democracias sufocadas e resistências”.
O LêTECE (Laboratório de Estudos Sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação) apresenta neste tradicional evento – há que destacar que não se trata de um tradicional ligado
ao conservadorismo, mas à ideia de historicamente ter cumprido um papel junto à comunidade científica do estado de Mato Grosso – a possibilidade de realização de profundos debates que levem em conta a conjuntura atual que envolve a Educação,
isto é, subjugada à realidade das gestões que sufocam as múltiplas vozes e instituições democráticas, muitas vezes, sem constrangimento indo à contramão da carta magna. Ao mesmo tempo em que propõe vitrine para as resistências, para uma Educação
que vá além do presencial/remoto e que se volte ao entendimento do que compõe o fio condutor da sua narrativa, conforme Paulo Freire: promover a leitura crítica do mundo, permitir a compreensão da realidade social e política para um sujeito
que age, pois como ele bem alertou ninguém transforma o que não conhece.
No esgotamento narrativo, que joga com várias linguagens, que nos conscientizemos de que nenhum evento científico poderá abordar tudo, por outro lado, que saibamos que cada participante permite
a composição de um fazer plural de vozes, de fontes, de diversas constelações de dizeres e de fazeres que enriquecerão sobremaneira a obra. Sintam-se à vontade, pois ela está aberta e o desfecho construiremos juntos, não visando fechar com
o desaparecimento do conflito, como poder-se-ia esperar, mas possivelmente criando novos conflitos. Heróis desta peça: máscaras e... conex[AÇ]ÃO!